07/01/2008

Também tenho direito a um dia mau

Parado…sentado…a pensar…a sonhar…
…a resistir…
…sem sentir…braços cruzados…pensamentos congelados…
…vagueando…desesperando…
…vencido…
…perdido…escondido…
…conformado…inadaptado…surreal
…mortal…igual.


O meu coração bate devagar, tão devagar que não tenho a certeza que está a bater.
As minhas mãos tremem, tremem tanto e eu não consigo controlar.
As minhas pernas falham-me, tenho medo de cair, de não me levantar.
A minha cabeça está a latejar, não consigo pensar.
O meu mundo está a fugir, eu não consigo correr tão rápido. Deixo-o ir!
O próprio sol teima em não se mostrar, em não me iluminar.
Está frio, frio demais para eu sentir frio, para eu sentir o que quer que seja. Não sinto mais!

Descubro que sinto.
Afinal sinto!
Mas não sei o que sinto.
Um sentimento novo, um sentimento estranho, um sentimento vazio, sem sentido, tão vazio que não me deixa sentir mais nada. Nada a não ser desconhecido, um estranho para mim próprio.
Um sentimento que se alimenta dele mesmo e de mim, me possui, me controla, me torna fraco e me vence. Arrasta-me para pensamentos onde me perco, leva-me para sítios que desconheço. Perante este sentimento eu quase faleço.

Pela primeira vez, desde tempos incógnitos, eu não me conheço. Sei d’onde vim, não sei para onde vou, por onde vou, como vou, ou sequer se vou.
Pela primeira vez, desde incógnitas memórias, não me sinto ao leme d’este barco, este barco que parece afundar-se, este barco que, partindo uma garrafa, baptizei com o nome de vida, está a fugir do meu controlo, navegando ao sabor de marés. Eu nada mais faço que assistir. Assisto ao erguer de ondas que o querem naufragar, assisto ao rebentar de trovões que o querem rachar. Assisto a tudo à luz de relâmpagos que teimam em iluminar, iluminar este fim. Um fim adivinhado, aguardado, temido…o fim.

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